Em carta, Álvaro Leyva diz que presidente sumiu por dois dias em viagem oficial a Paris e que nunca se recuperou da dependência química.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, assiste à abertura de uma nova sessão legislativa do Congresso da Colômbia em 20 de julho de 2023 Vannessa Jimenez/REUTERS Gustavo Petro, o presidente da Colômbia, não precisa de inimigos políticos, dadas as numerosas ocasiões em que foi alvo de fogo amigo.
Desta vez, o torpedo partiu de seu ex-chanceler Álvaro Leyva, que numa carta endereçada ao presidente e publicada em suas redes sociais, afirma que Petro é viciado em drogas e sumiu, por dois dias, durante uma viagem oficial a Paris, em junho de 2023. Está armado o cenário para mais uma grave crise política envolvendo o presidente na Colômbia extremamente polarizada.
O país terá eleições presidenciais no próximo ano.
Enquanto os aliados de Petro defendem o seu direito à privacidade, os adversários exigem que ele seja submetido a testes que comprovem o uso de drogas. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp “Foi em Paris que pude confirmar que o senhor tinha um problema de dependência química.
Mas o que eu poderia ter feito? Eu era inferior.
Eu deveria ter me aproximado, ajudado, auxiliado em tempo hábil.
A verdade é que o senhor nunca se recuperou”, relatou Leyva, que foi o primeiro chanceler nomeado por Petro, ao assumir a Presidência, em agosto de 2022. O ex-ministro das Relações Exteriores, de 82 anos, apresenta apenas o testemunho como evidência.
De fiel escudeiro de Petro como primeiro ministro a ser nomeado, Leyva deixou o governo em maio do ano passado, no meio de um escândalo de emissão de passaportes.
Ele foi suspenso pela Procuradoria-Geral da República pela anulação ilegal num processo de licitação. Desde então, passou a cutucar o presidente em mensagens cifradas até esta quarta-feira, quando se dirigiu a ele diretamente por carta, protocolada na Presidência, para discorrer sobre frequentes episódios de impontualidade. 'Cocaína não é pior que uísque,' diz presidente da Colômbia, Gustavo Petro “Seus desaparecimentos, chegadas tardias, descumprimentos inaceitáveis, viagens sem sentido, frases incoerentes, empresas questionáveis e outros descuidos continuam sendo registrados, senhor presidente”, escreveu Leyva na carta. Leyva denunciou abuso de poder por parte de Petro e atacou também três funcionários de seu círculo íntimo, por “sequestrar” o presidente: o presidente da Ecopetrol, Ricardo Roa, o chefe de Gabinete, Armando Benedetti, e a atual chanceler, Laura Sarabia.
Os dois últimos se enfrentam numa espécie de guerra aberta dentro do governo. A carta bombástica do ex-chanceler deflagrou a ira de Petro, que correu às redes sociais para contra-atacá-la.
O presidente alega que estava na companhia das filhas e das netas, que moram na capital francesa, e que seu vício é o amor por elas.
“Paris não tem parques, museus, livrarias mais interessantes do que o escritor, para passar dois dias? Quase tudo em Paris é mais interessante”, argumenta. Jornalistas que o acompanharam na viagem a Paris, para participar da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, surpreenderam-se quando a visita foi subitamente estendida por mais um dia.
A prorrogação foi atribuída a uma reunião do presidente com diretores da empresa Rafale, que não teria ocorrido. De acordo com o relato atual do ex-ministro, naquele momento Petro estava desaparecido.
“Como se a inteligência francesa fosse incompetente o suficiente para não saber do seu paradeiro.
Momentos embaraçosos para mim como pessoa e como seu ministro das Relações Exteriores”, conclui Leyva.
De crise em crise, Petro está cercado de adversários de toda a espécie.